Há um rio debaixo do Amazonas

Publicado no XII Congresso de Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio de Janeiro, no mês de agosto desse ano, a existência de sinais de um rio subterrâneo abaixo do Rio Amazonas.

A descoberta faz parte da tese de doutorado de Elizabeth Tavares Pimentel, sob orientação do pesquisador Valiya Hamza. O Rio Ramza, como está sendo chamado por enquanto, foi descoberto através da análise de dados de temperatura de 241 perfurações de poços dos anos 1970 e 1980 feitas pela Petrobras e que abrangem as seguintes bacias sedimentares: Acre, Solimões, Amazonas, Marajó e Barreirinhas. Durante o estudo, notou-se que havia variações na temperatura em certas profundidades.

Características

Ambos os rios fluem no mesmo sentido, porém há diferenças bem distintas na vazão, nas suas velocidades de escoamento e nas larguras das áreas de drenagem. Segundo os resultados obtidos por simulações, o fluxo do Ramza é inteiramente vertical até a profundidade de 2000 metros. Após isso, muda de direção e fica praticamente vertical, nas regiões mais profundas. 

Com relação à vazão, o Rio Amazonas (133.000 m3/s) supera fortemente o Rio Ramza (3090 m3/s), e mesmo assim é ainda mais considerável em relação a outro importante rio brasileiro, o São Francisco. Isso é resultado da resistência dos sedimentos ao fluxo, o que não ocorre tão consideravelmente na superfície.
Esquema de fluxos de águas fluviais, na superfície, e das águas subterrâneas, nas camadas sedimentares profundas

Já a velocidade do Rio Hamza é bem mais lenta do que o Rio Amazonas. O fluxo subterrâneo é de entre 10 a 100 metros por ano, enquanto a água do Amazonas corre entre 0,1 e dois metros por segundo. O fluxo de água subterrânea alcança uma largura entre 200 e 400 quilômetros, enquanto que no Rio Amazonas a largura varia entre 1 e 100 quilômetros.

Contribuições

"Eu acho que o rio Amazonas nunca vai secar, mas se isso acontecer algum dia, as populações da Amazônia podem contar com essa reserva", relata a pesquisadora amazonense Elizabeth Tavares Pimentel, referindo-se ao rio subterrâneo descoberto durante pesquisas desenvolvidas durante seu doutorado, no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

Como o rio subterrâneo deságua junto à foz do Amazonas, surgiu a hipótese de que isso seja a causa da baixa salinidade do Oceano Atlântico em extensos bolsões. Pesquisas posteriores ainda irão tentar identificar se a nascente também está na Cordilheira dos Andes. Ainda não há certeza se a exploração da água do Rio Ramza será viável.

Para ter acesso a apresentação em .pdf, clique aqui

1 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da reportagem, principalmente do link para o PDF, muitos bloggues não possuem esse comprometimento com as fontes